O bispo Dom José Ronaldo Ribeiro e os outros cinco padres acusados de desviar mais de R$ 2 milhões em dízimos da Diocese de Formosa, no Entorno do Distrito Federal, enfrentam nesta quinta-feira (9) sua primeira audiência de instrução e julgamento. A sessão começa às 8h30 e é presidida pelo juiz Fernando Oliveira Samuel, da 2ª Vara Criminal.
O bispo chegou ao local acompanhado do juiz eclesiástico Tiago Wenceslau, também investigado, por volta das 8h40. Nenhum dos dois falou com a imprensa.
O promotor Douglas Chegury disse acreditar que o julgamento ainda não deve ocorrer nesta quinta, por causa da quantidade de testemunhas. Foram arroladas 32 testemunhas, sendo quatro sao de acusação e o restante de defesa.
“Podemos considerar que essa audiência é o inicio do julgamento, mas dificilmente dará tempo de ouvir todas as testemunhas hoje. A promotoria listou três padres e um leigo [pessoa da comunidade que ajuda durante as celebrações] porque são pessoas de confiança da igreja e trouxeram muitas informações ao longo das investigações”, informou
O G1 procurou o Tribunal de Justiça para pedir detalhes da sessão, mas o órgão disse que não podia antecipar detalhes. A reportagem também tentou contato com a defesa do bispo, apontado como líder do esquema, sem sucesso.
Ao todo, 11 pessoas foram denunciadas. Elas respondem por crimes como apropriação indébita, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Depois que todas as testemunhas forem ouvidas, a defesa e a acusação terão um prazo de cinco dias para fazerem suas manifestações finais. Somente depois desse prazo que o juiz dará a sentença.
Investigação
Investigações do Ministério Público feitas a partir de denúncias de fiéis apontaram que acusados – o grupo tem ainda dois empresários e três funcionários da Cúria – usaram o dinheiro para comprar uma fazenda de gado, uma casa lotérica e carros de luxo. O bispo e os padres sempre negaram a prática de crimes.
Advogado do juiz eclesiástico, Thiago Santos Aguiar de Pádua declarou que “a expectativa é de que seja uma boa audiência”. “O padre Tiago não apenas nega, mas também observa uma perseguição religiosa”, disse ao G1.
Seis testemunhas já foram ouvidas por carta precatória em outras cidades – em Alto Paraíso, Cavalcante, São Domingos, Brasília e São Paulo. Advogado dos outros acusados, Bruno Opa disse que esses depoimentos foram “favoráveis”.
“As testemunhas de acusação têm mais servido à defesa do que à acusação”, declarou.
Nomeado “interventor” pelo Papa Francisco, o arcebispo de Uberaba, Dom Paulo Mendes Peixoto, não se pronunciou sobre o caso. A assessoria dele informou ainda que ele não vai acompanhar a audiência.
Denúncia de fiéis
Fiéis procuraram o Ministério Público no final de 2017 para informar que as despesas da casa episcopal de Formosa, onde o bispo mora, passaram de R$ 5 mil para R$ 35 mil desde a chegada de Dom José Ronaldo. Ele já estava à frente da Diocese havia três anos.
Fonte:https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2018/08/09/bispo-de-formosa-e-padres-acusados-de-desviar-r-2-milhoes-em-dizimos-enfrentam-1a-audiencia.ghtml