Escola rompe contrato com alunas que fizeram vídeo com ofensas racistas após jogo de vôlei em SC

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As alunas de um colégio privado que gravaram vídeo em que aparecem fazendo ofensas racistas contra estudantes de outra escola em Criciúma, no Sul de Santa Catarina, precisaram deixar a instituição que estudavam após decisão da unidade de ensino.

O Colégio Michel informou, que optou pela rescisão de contrato de ambas. A instituição já havia divulgado uma nota de repúdio sobre o caso (leia na íntegra abaixo).

A filmagem feita durante um amistoso de vôlei foi publicada na segunda-feira (11), e chegou até as vítimas através de um aplicativo de mensagens apenas na noite da última quinta.

No vídeo publicado, a aluna do colégio particular mostra os estudantes da outra instituição. Em seguida, filma a si mesma rindo e diz:

“Pessoal do amistoso tão [sic] tipo pulando [risos]. Já são preto [sic], ainda ficam fazendo macaquices? Aí não, né? Aí não”. Ela mostra também uma outra estudante sentada do lado dela, que também está rindo.

A imagem do vídeo foi borrada e as vozes distorcidas pelo g1 pelo fato de as alunas serem menores de idade. Nas imagens originais, elas ainda aparecem com uma espécie de filtro escuro no rosto.

O delegado Fernando Possamai informou que instaurou um auto de apuração de ato infracional por injúria racial nesta semana.

“Temos 30 dias para oitivas das testemunhas e alunas, e, posteriormente, encaminharemos para o judiciário para procedimento em juízo”, informou.

Repercussão

O pai de uma das vítimas, que não será identificado pelo g1 para não a expor, classificou o caso como “lamentável, triste e revoltante” e disse que a família vai tomar medidas legais.

A Secretaria de Educação de Criciúma também emitiu nota de repúdio, dizendo que presta “apoio psicológico aos estudantes e familiares” (veja a íntegra no final da reportagem). Declarou ainda que orientou os pais das vítimas a fazerem boletim de ocorrência.

Em nota, o escritório Becker Advogados Associados, que representa as famílias das alunas, defendeu que elas não devem ser julgadas como adultas, mas que está “trabalhando, junto à equipe pedagógica da escola, na construção das medidas socioeducativas para as crianças, pelos erros que cometeram” (leia nota completa no final da reportagem).

O que aconteceu

O pai explicou que o filho dele de 15 anos foi até o colégio para participar de um jogo de vôlei. Após a partida, o jovem e outros colegas da escola pública comemoravam o desempenho quando foram filmados.

O Colégio Michel disse em nota que “adotou todas as providências disciplinares cabíveis para com suas alunas, incluindo a retratação formal junto às alunas que foram ofendidas”.

Não foram divulgadas informações sobre como foi feita a retratação ou se o colégio tomará alguma outra medida relacionada ao fato de que houve um crime cometido dentro da instituição.

lei número 7.716/1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, descreve, no segundo artigo, como crime “Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional”.

O pai do estudante de 15 anos lamentou o ocorrido.

“Isso é uma coisa que é recorrente, né? Isso ainda foi bem, vamos dizer assim, bem aberto. Fora o que a gente vive no cotidiano e no dia a dia, que é esse racismo velado e estrutural, indireto”.

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