Nas ruas há pouco mais de 20 dias, após dois anos de atraso, o Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) enfrenta ameaça de greves entre os recenseadores, milhares de desistências e dificuldade para contratar novos trabalhadores.
O déficit de recenseadores prejudica o andamento da coleta, que está abaixo da média nacional em estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste, justamente as regiões onde o percentual de recenseadores contratados em relação ao número de vagas disponíveis é mais baixo.
O IBGE atribui a dificuldade de contratar às menores taxas de desemprego nessas regiões. Com relação às queixas dos trabalhadores, o instituto afirma que “os pagamentos aos recenseadores já foram regularizados em sua ampla maioria” e que demandas residuais estão sendo resolvidas caso a caso.
“O IBGE reconhece o papel fundamental dos recenseadores e dos outros servidores temporários para o sucesso da operação do Censo. Neste sentido, está atento às condições no processo de coleta e ao bem-estar destes servidores, respeitados os limites legais e orçamentário”, disse a autarquia, em resposta à BBC News Brasil.
Programado para acontecer em 2020, o Censo teve de ser adiado por conta da pandemia de covid-19. Em 2021, sofreu novo adiamento, por falta de orçamento – mais de 90% da verba prevista foi cortada na tramitação da lei orçamentária no Congresso.
Após determinação do STF (Supremo Tribunal Federal), o governo federal liberou R$ 2,3 bilhões para a realização da pesquisa, valor 26% menor que os R$ 3,1 bilhões inicialmente previstos.